Gestão de Pessoas

GESTÃO DE PESSOAS: DEPRESSÃO X TRABALHO

homem com a mão na cabeça

Antes tratada com desdém e ceticismo, hoje a depressão já é considerada o mal do século pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram com essa doença, dados de 2018. Um número que vem crescendo ano após ano, graças a um estilo de vida cada vez mais estressante e competitivo, que leva as pessoas a vidas incompletas e infelizes, tornando-as suscetíveis a desenvolverem um quadro depressivo. Um quadro que afeta todas as áreas do indivíduo, seja pessoal, afetiva e até mesmo profissional.

A correlação do ambiente de trabalho com a depressão é explícita. Afinal, ao menos um terço do dia é passado ali, em um ambiente cheio de preocupações, prazos e meta a cumprir, o que acaba levando algumas pessoas aos seus limites. E como contrapartida, quem acaba sofrendo os efeitos colaterais são as próprias empresas. Um empregado doente produz menos e se ausenta mais. A OMS prevê que até 2020, a depressão se torne a doença mais incapacitante do planeta.

SÃO MUITOS OS DESAFIOS PARA AS EMPRESAS

Para as empresas, o primeiro desafio é saber identificar um colaborador com depressão. Muitas vezes, mascarada como tristeza ou baixo desempenho, a doença acaba passando despercebida. E é fundamental que a empresa tenha um olhar atento e preparado para lidar com pessoas nessa situação. A atuação da área de recursos humanos é fundamental nesse sentido, seja por meio de eventos e workshops sobre o assunto, mas também por meio do acompanhamento mais próximo sobre o colaborador e os fatores que afetam o seu desempenho.

Um segundo passo é tentar entender os motivos que levaram a tal quadro depressivo, e qual é a parcela de responsabilidade do ambiente de trabalho sobre o mesmo. Muitas pessoas se sentem incapazes ou despreparadas para a tarefa que foram designadas, gerando um estado de estresse constante. Outras se sentem pressionadas por prazos ou metas cada vez mais desafiadoras, muitas vezes irreais ou impossíveis de se atingir. E ainda é preciso mencionar a existência de assédio moral por parte de chefes e superiores em certos casos.

A crise na geração de empregos pela qual passa o país é um fator agravante nesse cenário. Mesmo em uma situação desconfortável no trabalho, o colaborador se sujeita a continuar ali em razão da dificuldade de uma nova recolocação profissional. Pelo lado das empresas, a piora na qualidade do ambiente de trabalho se deve a redução substancial no quadro de funcionários, com a manutenção ou aumento na carga de trabalho. Alguns benefícios que poderiam auxiliar na melhora desse quadro acabaram cortados ou reduzidos, como planos de saúde com acesso a terapias complementares.

DEPRESSÃO COMO DOENÇA OCUPACIONAL

Assim como as empresas estão cada vez mais atentas ao problema, a Justiça do Trabalho também se mostra conectada às novas realidades. Não são raros os casos em que a depressão foi reconhecida como doença ocupacional, garantindo ao trabalhador todas as prerrogativas necessárias, como em qualquer outra doença incapacitante. Em um mundo que muda constantemente, o olhar e tratativas que são dadas ao ambiente de trabalho devem estar em constante evolução, e o novo grau de importância que o debate sobre a depressão no trabalho atingiu mostra que se está no caminho certo na busca por dias melhores ao trabalhador.

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